sábado, 11 de julho de 2015

Lição 2 - O Evangelho da Graça


Introdução

   Paulo sempre expressava um zelo pelo rebanho de Deus em questão aos "lobos cruéis" que poderiam adentrar no aprisco vestido como ovelha. Um exemplo desse zelo é para com a igreja de Éfeso. Na sua despedida, Paulo expressou este sentimento(At 20.29,30). Mesmo assim enviou o jovem pastor Timóteo à Éfeso para combater esses falsos mestres que queriam "devorar" o rebanho. Infelizmente hoje em dia tem se espalhado líderes mentirosos, falsos, vestido como ovelha, pervertendo a sã doutrina matando ou dispersando ovelhas.

I - As Falsas Doutrinas Corrompem o Evangelho da Graça

   A graça é um dos mais significativos conceitos da Escritura. Pode ser definida como "as ações livres de Deus, com base na morte de Jesus motivada pelo amor, para redimir os que crerem afim de fazê-los justos". Deus agiu em Cristo para desvelar uma justiça que não tem relação alguma com a lei ou com as obras humanas, mas que é concebida gratuitamente por Deus em decorrência da fé em Jesus(Ef 2.8). A graça é concebida aos que a aceitam. Isso acontece pela fé, mas a fé não possui a salvação por méritos, como se ter fé conferisse algum crédito. Nenhuma atividade humana pode resultar em salvação, é dádiva de Deus. O cristão não se gloria em nada, a não ser em Cristo(Ef 2.9). Esse é o Evangelho da graça ao qual Paulo se referiu em Atos dos Apóstolos 20.24. A referência de Paulo ao Evangelho ao qual foi encarregado o leva a relembrar, com espanto e gratidão, sua experiência da graça superabundante de Deus, como resultado da qual foi transformado de inimigo amargurado de Cristo para um apóstolo dEle. Ao lembrar Timóteo e a igreja efésia de modo geral acerca da sua posição apostólica, também transmite um indício, para o benefício daquele, do poder ilimitado do Evangelho para transformar pecadores e fortalece-los para a obra de Deus(1Tm 1.12-14).
   A igreja de Éfeso estava ameaçada por falsas doutrinas e corria sérios riscos em virtude da infiltração de perigosas heresias. Nada é mais nocivo para a saúde espiritual da igreja do que as falsas doutrinas. Ninguém é mais perigoso para a igreja do que os falsos mestres. Esses falsos mestres provavelmente eram presbíteros o qual o ensino era a responsabilidade deles, e, como os oficias executivos principais, a pregação deve ter sido deles também. Esses que precisavam de repreensão estava erroneamente concentrando sua atenção em fábulas e genealogias intermináveis, provavelmente de origem judaica. O termo fábulas transmite a noção de que essas ideias eram invenções deles mesmos., carecendo totalmente de qualquer fundamento nas Escrituras. O termo genealogias é usado com um sentido mais amplo do que geralmente lhe é atribuído e descreve interpretações insensatas e exageradas da história do Antigo Testamento, possivelmente mescladas com noções filosóficas do gnosticismo. Elas são descritas como intermináveis, pois as pessoas que perambulam ao longo desses estranhos desvios se encontram num interminável labirinto que não conduz a lugar algum. Todas as heresias têm fundamentalmente em comum o fato de que provocam e multiplicam vãs discussões e discórdias em torno de palavras, assim tornando a fé insegura porque desviam do objetivo principal. Tem-se observado corretamente que o ensino de uma pessoa deve ser julgado por seus frutos. Tudo o que deixa de promover a administração deveria ser rejeitado ainda quando não tivesse outra falha. E tudo o que não gera outra coisa senão disputas merece dupla condenação(1Tm 1.3,4).
   Alguns que se estabeleceram como mestres da lei se desviaram do objetivo maior do mandamento, eles se estabeleceram como mestres, mas tinham a pretensão de ensinar aos outros o que eles mesmos não compreendiam. Paulo ensina a Timóteo que precisamos combater o erro sem machucar as pessoas. A defesa da verdade não pode ocorrer em prejuízo do amor. A verdade precisa ser dita em amor, e o amor precisa acompanhar a ortodoxia. Paulo mede os ensinos daqueles que Timóteo deve repreender. Em evidente ignorância, eles estavam discorrendo detalhadamente sobre a lei. Mesclando-a com fábulas e interpretações esquisitas, estavam dando um sentido falso ao seu verdadeiro propósito(1Tm 1.5,6). Paulo destaca o significado primordial da lei, ela existe para combater o avanço do pecado. A lei não é destinada para os justos, mas para pessoas sem lei. Se sou tão bom que de forma natural guardo a lei, não necessito de lei. A lei de Moisés visava levar os pecadores a ponto de se sentirem totalmente quebrantados sob o fardo dos seus pecados. Paulo anexa um catálogo de alguns males aberrantes proibidos pela lei mosaica. Assim, pregar a lei para tornar os homens conscientes da sua pecaminosidade é usá-la corretamente, é um uso que está em concordância com o glorioso Evangelho(1Tm 1.8-11).

II - A Graça Superabundou com a Fé e o Amor

   Quando Paulo acrescenta às palavras introdutórias uma expressão de sincera e humilde gratidão a Deus, ele está seguindo um costume(Rm 1.8;1Co 1.4;2Co 1.3;Ef 1.3;Fp 1.3;Cl 1.3;1Ts 1.2;2Ts 1.3; 1Tm 1.12;2Tm 1.3;Fm 4). O que Paulo expressa não é um júbilo momentâneo e um ato de gratidão, mas uma atitude que se tornou disposição fundamental de seu ser perante Jesus Cristo, ao qual define como nosso Senhor, confessando assim que Jesus deseja tornar-se motivo de louvor não apenas para ele, mas para todos os que crêem nEle. A vontade de Deus para a nossa vida é que seja enaltecida sua gloriosa graça, que nos foi concedida através de Seu Filho amado. A graça inundou com fé o coração de Paulo, um coração que antes estava cheio de incredulidade e inundou com amor um coração anteriormente poluído pelo ódio. Foi uma escolha fundamentada na presciência de Deus de que ele seria fiel, tanto como apóstolo quanto como mordomo do Evangelho. Essa demonstração da graça de Deus para com ele é intensificada, assim ele ressalta, pelo fato de que foi revelada a alguém que anteriormente havia sido blasfemo, perseguidor e insolente(1Tm 1.12-14). Aquele que estava no mais baixo nível do pecado, agora é nova criatura(2Co 5.17) e participante da família de Deus(Ef 2.19).
   Paulo louva a graça de Deus ao declarar que ela foi concedida generosamente a ele, o pior dos pecadores. Seu perdão, cheio de misericórdia, não se origina nele, como se tivesse algum mérito que predispusesse e muito menos que forçasse Deus a mostrar misericórdia, mas procede do caráter dEle, que é misericordioso, a quem pertence sempre a misericórdia(1Tm 1.15). Ser nascido de Deus é ser renovado interiormente e restaurado a uma integridade ou retidão santa de natureza pelo poder do Espírito de Deus. Alguém assim não comete pecado, não põe em prática a iniquidade nem pratica a desobediência, que é contrária a sua nova natureza e ao caráter regenerado do seu espírito. Ele não pode pecar de modo a ser denominado um pecador em oposição a um santo ou servo de Deus(1Jo 3.9).

III - Um Convite a Combater o Bom Combate

   Até aqui, Paulo havia se referido aos mestres da lei e ao falso evangelho deles, como também a si mesmo na condição de apóstolo e no verdadeiro Evangelho. Agora, compete a Timóteo tomar posição. Paulo começa descrevendo o contexto no qual ele está escrevendo. Ele faz com que Timóteo se lembre tanto do relacionamento de pai e filho que em especial os une, como também das circunstâncias da ordenação dele(1Tm 1.18). As profecias que foram ditas havia muito tempo, referentes a Timóteo, são aqui mencionadas como um motivo para incentivá-lo à execução vigorosa e consciente do seu dever, militar a boa milícia.
   Devemos conservar tanto a fé quanto a boa consciência(1Tm 1.19). Aqueles que descartam a boa consciência logo naufragam na fé. Em Éfeso, os líderes entre os náufragos era Himeneu e Alexandre. O nome do primeiro deriva-se de Hímen, o deus do matrimônio. Himeneu também é mencionado em 2 Timóteo 2.17. Junto com ele se menciona Alexandre, que significa "defensor dos homens". O Himeneu e Alexandre de quem Paulo faz referência aqui eram líderes entre os hereges efésios. Tão longe tinham ido esses mestres da heresia em seu erro, que chegavam a vituperar a verdadeira apresentação do Evangelho. Por isso Paulo os entregou a Satanás. A expressão "entreguei a Satanás" refere-se ao processo disciplinar que era comum tanto na sinagoga como na igreja de Deus(1Co 5.5). Não obstante, quando se chegou a tomar tal medida extrema, seu propósito era curativo. O objetivo não era prejudicar, mas recuperar, "a fim de que sejam disciplinados(2Tm 2.25) a não blasfemar". O apóstolo está sinceramente desejoso de que a disciplina, a pedagogia divina, imposta exerça um efeito saudável em Himeneu e Alexandre. Ele nutre esperança e está orando para que, por meio dessa lamentável aflição, esses falsos mestres possam chegar a um arrependimento genuíno, de modo que já não mais caçoem da verdade e não blasfemem contra o seu autor.

Conclusão

   O cristianismo nasceu em meio a perseguições tanto externa como interna. Enquanto Roma e os líderes religiosos judeus afligiam os irmãos com açoites e mortes, várias igrejas, incluindo Éfeso, lutavam contra as heresias que queriam se alojar no seio da comunidade cristã. O apóstolo Paulo juntamente com Timóteo, Tito e outros homens fiéis combateram com veemência e disciplina a ação desses "lobos vorazes".

Bibliografia


  • Henry, Matthew - Comentário Bíblico Novo Testamento(Atos a Apocalipse) - Rio de Janeiro/RJ: CPAD,2010.
  • Lopes, Hernandes Dias - 1º Timóteo: O Pastor, a sua Vida e sua Obra - São Paulo/SP: Hagnos,2014(Comentários Expositivos Hagnos)
  • Stott, Jonh R. W. - A Mensagem de 1º Timóteo e Tito: A Vida da Igreja Local: A Doutrina e o Dever - São Paulo/SP: ABU Editora,2004(A Bíblia Fala Hoje)
  • Bruce, F. F. - Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento - São Paulo/SP: Editora Vida,2009.
  • Kelly, J. N. D. - 1º e 2º Timóteo e Tito: Introdução e Comentário - São Paulo/SP: Vida Nova,2011(Série Cultura Bíblica)
  • Hendriksen, William - Comentário do Novo Testamento: 1º Timóteo, 2º Timóteo, Tito - São Paulo/SP: Cultura Cristã,2011.
  • Boor, Werner de - Cartas aos Tessalonicenses, Timóteo, Tito e Filemon - Curitiba/PR: Editora Evangélica Esperança, 2007(Comentário Esperança).
  • Richards, Lawrence O. - Guia do Leitor da Bíblia: uma análise de Genesis a Apocalipse capítulo por capítulo - Rio de Janeiro/RJ: CPAD,2010. 

  • domingo, 5 de julho de 2015

    Sorteio do Trimestre: Amado Timóteo(Thomas K. Ascol)


    Neste trimestre o blog Tudo Sobre a EBD sorteia o livro Amado Timóteo(Thomas K. Ascol da Editora Fiel para aqueles que curtirem nossa página no facebook e compartilhar semanalmente os subsídios no facebook!
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    Lição 1 - Uma Mensagem à Igreja Local e à Liderança

    Introdução

       Escrever cartas era algo comum na época apostólica. Temos treze cartas no Novo Testamento que trazem a assinatura de Paulo. A ordem em que estão dispostas as cartas de Paulo no Novo Testamento em geral segue a sua extensão. Se as reordenarmos em sequência cronológica, encaixando-as na medida do possível no seu contexto de acordo com o registro de Atos dos Apóstolos, elas começam a revelar mais dos seus tesouro
    s, tornam-se auto-explicativas em maior medida do que se esse contexto for ignorado. As cartas podem ser classificadas em quatro grupos, e essa talvez seja a forma mais comum de tratá-las. Os critérios para isso são o tópico tratado e o estilo usado. Se aceitarmos essa classificação, podemos ordená-las da seguinte maneira:

    1. Escatológicas: 1 e 2 Tessalonicenses
    2. Evangélicas: 1 e 2 Coríntios, Gálatas e Romanos
    3. Da prisão: Efésios, Colossenses, Filemon e Filipenses
       A quarta e a última parte das epístolas paulinas são chamadas cartas pastorais, pois foram escritas a pastores, a líderes de igrejas. O caráter dessas cartas é eclesiástico, isso quer dizer que o conteúdo delas trata da igreja cristã, dos seus líderes, dos seus membros, da sua função e da sua missão. A este grupo de cartas pertencem as duas a Timóteo e a dirigida a Tito. Embora as cartas tenham sido endereçadas a Timóteo e Tito e contenham orientações pessoais, elas foram claramente escritas para o benefício das igrejas associadas a eles. Estão cheias de declarações esplêndidas da verdade cristã e de chamadas inspiradoras do testemunho cristão. As cartas pastorais ultrapassam seu propósito a priori de serem destinadas apenas a dois jovens obreiros. Foram, na verdade, cartas que se tornaram autênticos manuais eclesiásticos por assim dizer, para as igrejas cristãs em seus primórdios, bem como, sem qualquer impropriedade, para as igrejas dos tempos atuais.
     
    I - As Epístolas Pastorais

       As três cartas para pastores são dirigidas pelo pastor Paulo aos pastores Timóteo e Tito, e por meio desses dois, aos pastores das igrejas em redor de Éfeso e na Ilha de Creta. Estas três cartas, que formam um grupo distinto na coletânea paulina, declaram ser comunicações do grande Apóstolo enviadas a dois dos seus lugares-tenentes da maior confiança. Receberam o título de "pastorais" desde o início do século XVIII porque estão endereçadas a pastores e, em grande medida, dizem respeito aos deveres deles. Se forem tomadas por aquilo que ostentam ser, as Epístolas Pastorais têm, assim, um interesse e uma importância especiais. Como cartas, diferem da maioria das paulinas, sendo escritas a indivíduos mais do que a igrejas, e diferem de Filemon porque seu caráter é oficial, em vários graus, e não exclusivamente pessoal. Mostra-nos alguma coisa acerca dos seus relacionamentos com seus colegas mais íntimos e responsáveis, e ilustra sua solicitude pelos arranjos administrativos, sua abordagem aos problemas práticos, e as novas ênfases na sua teologia posterior. Além disto, oferecem relances fascinantes da vida e da organização da igreja, e das distorções doutrinárias contra as quais tinha de lutar, na década dos sessenta, no século I.
       Existem muitas interpretações acerca da data ao qual as pastorais foram escritas. O que todos os historiadores concordam é que, estas cartas foram escritas entre 63 e 67 d.C. A primeira epístola a Timóteo foi escrita por volta de 63/64 d.C., entre a primeira e a segunda prisão de Paulo, enviada provavelmente da Macedônia. Pouco tempo depois escreveu a Tito, por volta de 65 d.C., e em 67 d.C, antes da sua morte, na sua segunda prisão em Roma, ele envia a segunda carta à Timóteo. Esta última também faz parte do grupo das "cartas da prisão", juntamente com Filipenses, Efésios, Colossenses e Filemon.
       Apesar de essas epístolas serem escritas a duas pessoas distintas e em situações diferentes, percebemos que ela contém um mesmo conteúdo doutrinário e devocional, em que o vocabulário é semelhante. O propósito ao qual foram escritas é o mesmo, assim como o seu estilo. Foram montadas com objetivo de aplicar grandes ensinos e despertamento da parte de Deus. Podemos ver seu conteúdo da seguinte forma:
    1. Saudação(1Tm 1.2; 2Tm 1.1,2; Tt 1.1-4).
    2. Qualificações ministeriais(1Tm 3.1-13; Tt 1.5-9).
    3. Alerta contra os falsos mestres e as falsas doutrinas(1Tm 4.1-5; Tt 1.10-16).
    4. O cuidado com a "sã doutrina"(1Tm 1.10;6.3; 2Tm 1.13;4.3; Tt 2.1).
    5. Comportamento e conselhos a diversos grupos(1 Tm 5.1-25; Tt 2.1-10).
     
    II - Propósito e Mensagem

       Era um toque verdadeiramente paulino que o líder cristão fosse um modelo aos outros(Fp 3.17; 2Ts 3,9). Paulo alerta para o fato de os falsos mestres estarem negando o que a igreja confessa. Dois são os tópicos que Paulo desenvolve: o primeiro é como o ensino falso pode ser detectado e desmascarado, apesar de aparentemente verdadeiro(1Tm 4.1-10), e o segundo, como o ensino verdadeiro pode ser aceito e aprovado(1Tm 4.11-5.2). Um ministro garante o respeito não pelo uso arbitrário da autoridade, mas ao se tornar exemplo. As críticas são silenciadas de forma satisfatória somente pela conduta. As qualificações de uma pessoa para a responsabilidade de liderança na igreja de Deus não é a idade, mas sim o caráter(1Tm 4.12). Paulo faz uma analogia entre a família do pastor e a igreja de Deus. O pastor é chamado a exercer liderança em duas famílias, a sua e a de Deus, e a primeira é onde ele é treinado para poder atuar na segunda(1Tm 3.1-13).
       Nas três cartas Paulo está grandemente preocupado com os hereges, conforme os considera, os quais mercadejam uma mensagem distinta, oposta ao evangelho verdadeiro, semeando contendas e dissensão e levando uma vida moralmente questionável. A característica mais óbvia da heresia é sua combinação de ingredientes judaicos e gnósticos. O gnosticismo fazia uma junção espúria da filosofia grega com o judaísmo. O gnosticismo oscilava entre os dois extremos: ascetismo de um lado e licenciosidade de outro. Por considerarem a matéria essencialmente má, negavam a criação, a encarnação e a ressurreição. Os falsos mestres procediam das alas do judaísmo. Sua heresia estava vinculada ao legalismo judeu. Entre seus devotos encontravam-se os que pertenciam a circuncisão(Tt 1.10). A finalidade dos hereges era de serem mestres da lei(1Tm 1.7). Eles procuravam inculcar nas pessoas fábulas judaicas e mandamentos de homens(Tt 1.14). Paulo nos dá uma maravilhosa instrução com respeito ao falso ensino. Sua característica básica é o desvio da verdade revelada. Seus desastrosos resultados são que eles substituem a fé pela especulação e amor de Deus pela dissenção. Sua causa fundamental é a rejeição da boa consciência diante de Deus.

    III - Uma Mensagem Para a Igreja Local e a Liderança da Atualidade

       O "evangelho" da prosperidade é a heresia mais propagada dos nossos dias. Uma junção de que o homem é  um "deus", assim como Jesus era, e, confissão positiva ao qual declara que tudo que dissermos tornar-se-á realidade. Esse ensinamento é contrário à tudo que a Palavra de Deus declara. O ensinamento da teologia da prosperidade é regada pelo orgulho, presunção e soberba, e estas coisas são abomináveis a face do altíssimo(Pv 6.16-19). Somos criaturas frágeis e desprezíveis, por isso, necessitamos de Deus e vivermos para Ele, pois sem Ele, que é dono de toda honra e glória, nada somos.
       A expressão últimos tempos não se refere apenas a um período escatológico do fim, mas compreende todo período da era cristã, inaugurado por Jesus em sua primeira vinda e que se consumará na segunda. Esse tempo do fim será caracterizado pela manifestação de falsos profetas(Mt 24.11) e falsos cristos que enganarão a muitos(Mc 13.22), culminando na apostasia e na manifestação do homem da iniquidade(2Ts 2.4). A apostasia não pode ser confundida com perda de salvação, nem nega a perseverança dos santos. Significa que, por influências dos falsos mestres, muitas pessoas que outrora professaram a fé cristã abandonarão essa confissão. Os líderes são chamados essencialmente para um ministério de mestre, que necessita tanto do dom de ensino como de ser leal a mensagem bíblica. Somente se eles forem mestres na comunicação da mensagem é que terão condições de instruir e exortar as pessoas na verdade, como também de apontar, contradizer e acabar com todo erro. Se não perseverarmos na Palavra confiável da sã doutrina, ele mesmo também poderá ser contagiado. Mas, se enfrentar com toda a determinação a confusão por meio da palavra da verdade, isso redundará para os hereges em convalescença na fé. O alvo não é expulsá-los ou estigmatiza-los, mas curá-los!

    IV - Mensagem Para a Liderança

       As qualificações para os ministros e para os diáconos são muito semelhantes. São as qualificações básicas que todos os líderes cristãos devem ter. Colocando as duas listas lado a lado, podemos notar que há cinco áreas principais a ser investigadas. Com respeito à própria pessoa, o candidato tem de ter domínio próprio e maturidade, inclusive nas áreas da bebida, do dinheiro, do temperamento e da língua. Com respeito a seus relacionamentos, ele tem de ser hospitaleiro e amável, com respeito aos de fora, muito respeitado. E com relação à fé, apegar-se firmemente à verdade e ter o dom de poder ensiná-la. O primeiro requisito de caráter geral é que o ministro seja irrepreensível(1Tm 3.2; Tt 1.6). Isso não significa "imune a erros", pois então não haveria um só filho de Adão que se qualificasse. Significa, porém, "ter reputação irrepreensível" e "tem a ver com uma conduta que se possa observar ser impecável". Isso dá um respaldo bíblico para se pedir referências ou testemunhos, de forma que a reputação pública de um candidato possa ser verificada. Podemos observar que das quinze qualificações exigidas para um homem ocupar o ministério da igreja, apenas um se refere à habilidade de ensino. A maioria são qualificações morais e apenas uma está relacionada à habilidade intelectual. As qualificações estão relacionadas com a personalidade, o caráter e o temperamento da pessoa(1Tm 3.1-12; Tt 1.5-9).
       O exemplo pessoal do ministro deve servir como arma poderosa contra o erro. O ministro deve esforçar-se de todas as formas possíveis, a fim de conduzir-se pessoalmente de tal modo que agora mesmo, perante o tribunal do juízo de Deus, ele seja aprovado, ou seja, como alguém que, depois de um exame completo por nenhum outro senão do Supremo Juiz, tenha a satisfação de saber que assim foi do seu agrado e o enaltece. Além do mais, sua obra deve ser de tal natureza que reflita vergonha sobre ele quando ouvir o veredicto divino a respeito. Pela sua vivência e testemunho o próprio ministro representa a arma mais forte contra os falsos mestres(2Tm 2.15). O apóstolo Paulo era um paradigma para os crentes tanto na questão da doutrina como na questão da ética. Ele era modelo tanto na teologia quanto na vida. Seu ensino e seu caráter eram aprovados. Sua vida confirmava sua doutrina, e sua doutrina norteava a sua vida(Fp 3.17; 1Co 11.1). Os ministros certamente pregam com mais proveito quando podem exigir de seus ouvintes que sigam seu exemplo.

    Conclusão

       As cartas pastorais são de uma necessidade urgente de ser estudadas. As diretrizes em relação à igreja, o culto e a ordenação de obreiros e suas qualificações são indispensáveis para a atualidade.

    Bibliografia

    • Henry, Matthew - Comentário Bíblico Novo Testamento(Atos a Apocalipse) - Rio de Janeiro/RJ: CPAD,2010.
    • Lopes, Hernandes Dias - Filipenses: A Alegria Triunfante no Meio das Provas - São Paulo/SP: Hagnos,2007(Comentário expositivo Hagnos).
    • Lopes, Hernandes Dias - 1º Timóteo: O Pastor, a sua Vida e sua Obra - São Paulo/SP: Hagnos,2014(Comentários Expositivos Hagnos)
    • Stott, Jonh R. W. - A Mensagem de 1º Timóteo e Tito: A Vida da Igreja Local: A Doutrina e o Dever - São Paulo/SP: ABU Editora,2004(A Bíblia Fala Hoje)
    • Richards, Lawrence O. - Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento - Rio de Janeiro/RJ:CPAD,2010.
    • Bruce, F. F. - Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento - São Paulo/SP: Editora Vida,2009.
    • Kelly, J. N. D. - 1º e 2º Timóteo e Tito: Introdução e Comentário - São Paulo/SP: Vida Nova,2011(Série Cultura Bíblica)
    • Johansson, Carlo - Síntese Bíblica do Novo Testamento: Atos a Apocalipse - Rio de Janeiro/RJ:CPAD,1982(Coleção Ensino Teológico)
    • Hendriksen, William - Comentário do Novo Testamento: 1º Timóteo, 2º Timóteo, Tito - São Paulo/SP: Cultura Cristã,2011.
    • Boor, Werner de - Cartas aos Tessalonicenses, Timóteo, Tito e Filemon - Curitiba/PR: Editora Evangélica Esperança, 2007(Comentário Esperança) 



    quarta-feira, 24 de junho de 2015

    Introdução as Cartas Pastorais

    Quatro anos em uma faculdade de Teologia, três anos em um seminário. Este é o estudo recomendado para a maioria dos ministros da atualidade. Mas para aqueles que estiverem interessados nas prioridades de Paulo para os líderes da igreja, há um curso por correspondência de 30 minutos: as duas cartas a Timóteo, o qual foi pastor em Éfeso, e a sua única carta a Tito, na ilha de Creta.
       Tanto Timóteo como Tito passaram por vários anos de rigoroso aprendizado. Eles acompanharam Paulo em algumas de suas viagens missionárias, e serviram como emissários de confiança, que transmitiram suas mensagens às igrejas e ajudaram a responder as perguntas e a neutralizar situações explosivas. Timóteo, por exemplo, se incumbe da tarefa nada invejável de entregar 1 Coríntios, a carta de Paulo à congregação problemática.
       Mesmo depois de muitos anos de experiência, os dois homens recebem contínua educação dos elementos básicos do ministério, como cortesia do seu mentor protetor.
       As duas cartas de Paulo a Timóteo juntamente com as escritas a Tito e Filemon são únicas no Novo Testamento. Os destinatários eram pessoas físicas, não igrejas. As três primeiras, dessas cartas, são comumente chamadas cartas pastorais. Isso se deve ao fato de 1 e 2 Timóteo e Tito terem sido escritas para instruir jovens líderes sobre como conduzir seus ministérios itinerantes. Ainda assim, cerca de 10% do material constante dessas cartas diz respeito à organização e programa da igreja local. Paulo concentra a maioria de seus aconselhamentos em duas áreas. Aquela liderança jovem deveriam estimular as igrejas a manterem a pureza doutrinária e o estilo de vida.

    Bibliografia:

    (1)Richards, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma Análise de Gênesis a Apocalipse Capítulo por Capítulo - Rio de Janeiro/RJ - CPAD,2010.

    (2)Manual Bíblico Entendendo a Bíblia: Um Guia Sobre Quem, Quando, Onde, Como e o Porquê de Cada Livro da Bíblia - Rio de Janeiro/RJ - CPAD, 2011.

    E o nosso blog retorna com tudo!

    Prezados irmãos a paz do Senhor,
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